terça-feira, fevereiro 22

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas,
que já tem a forma de nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos mesmo lugares.
É o tempo de travessia:
e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado para sempre à margem de nós mesmo.
Fernando Pessoa

Lírio lê conectada com a moda do futuro!

Durante todo este processo... correndo atrás e pesquisando sobre algumas iniciativas sustentáveis na moda para poder escrever minha 'monografia'...me deparei com o trabalho da jornalista e consultora de moda Danielle Ferraz, que criou o espaço Moda do Futuro para insentivar e estimular trabalhos de estilistas e designers que atuam na área da sustentabilidade.

Então um dia vi através do twitter que a Dani havia aberto uma vaga para assistente no Espaço Moda do Futuro. Mandei meu currículo...
Não era na área da criação, mas pelo menos era relacionado a sustentabilidade...eu poderia ter mais contato com esse meio, quem sabe?
Bom, marcamos uma entrevista e lá fui eu... rsrs
A Dani insistiu que a vaga não era na área de criação, e eu expliquei meus motivos para querer a vaga...
no final da entrevista, resolvi mostrar o projeto que estava desenvolvendo em meu TCC. Ela gostou! E me incentivou a desenvolver os produtos da minha coleção para vender em seu espaço.
Na hora achei impossível.... trabalho, facul...e mais uma coleção para entregar?
Ai pensei melhor...que super oportunidade surgiu na minha frente! Não custava tentar não é?
E foi assim que começou a parceria da Lírio lê com o espaço Moda do Futuro.

Digamos que a Dani foi a maior 'incentivadora' deste projeto idealizado inicialmente para a faculdade.
A parceria deu certo...e agora, depois de formada estou desenvolvendo mais peças, procurando seguir o mesmo conceito, aprendendo com meus erros, buscando sempre me aprimorar....

moda, artesanato e sustentabilidade

Bom...no post anterior falei um pouco sobre como foi criada a Lírio lê e sobre todo meu processo criativo durante o ano passado...
clique na imagem para ampliar
Além das roupas, também quis produzir alguns acessórios para meu TCC. Durante todo o processo criativo ampliei minha idéia inicial de somente utilizar retalhos de tecido, queria algo mais....queria realizar uma parceria entre artesanato e moda unindo experiência, talento e criatividade, respeitando os valores culturais e as informações necessárias na composição dos acessórios.
Então os acessórios foram feitos em parceria com dois artesãos da Reforma Agrária de minha cidade natal, Promissão...interior de São Paulo.
 Cintos e bolsas têm como principal matéria-prima a fibra de coco utilizada pela agricultora, poeta e artesã Dona Josefa Franco Donadon residente do assentamento Reunidas. Além da fibra de coco, a artesã também se utiliza de bucha vegetal, de palha de milho e de retalhos de tecido para o acabamento adequado dos produtos.
 Para produzir uma linha de chapéus foi firmada uma parceria entre a marca e o agricultor, poeta e artesão Seu Salvador Arcanjo das Flores, residente do assentamento Dandhara, e sua especialidade é criar artesanato a partir da palha de milho.  Seu Salvador faleceu no dia 21 de agosto aos 72 anos, causando enorme perda para todos que tiveram a oportunidade de compartilhar momentos de delicadeza e lirismo deste homem vivido e matuto. Foi possível que produzisse um único chapéu para a “Lírio lê”, de valor incalculável. 
O resultado desta parceria foi um produto novo, que procura seguir os padrões do mercado e, ao mesmo tempo, oferecer valor agregado. Além disto, o uso da energia humana para trabalhos artesanais é considerado uma ferramenta do design sustentável, pois além de beneficiar grupos de artesãos, resgata tradições e reduz a emissão de uma tonelada de CO2 por ano, por artesão[1].
A intenção é, que a longo prazo, seja organizada uma estrutura de Cooperativa para capacitar grupos de artesãs a desenvolverem e comercializarem produtos a partir de materiais naturais e reaproveitamento de resíduos industriais, buscando a inclusão social e a conscientização ecológica. O objetivo é incentivar o trabalho artesanal para preservação das raízes, além de propor maior visibilidade aos produtos confeccionados.


[1] Fonte Cálculo de CO2: Bangladesh Handloom Board

colhendo lírio, lírio lê...

E eu estava louca de vontade pra contar sobre todas as novidades que aconteceram ano passado...
então tah ai...
 tudo explicadinho nos mínimos detalhes:

Começo de ano, e toda turma teria que decidir sobre o que falar em seu TCC...
O Trabalho de Conclusão de Moda no SENAC consiste em idealizar uma marca (nome, público alvo, programação visual, concorrentes, plano de negócios...etc, etc) e criar uma coleção conceitual de roupas para lançar esta marca no mercado. 
Foi assim que surgiu a Lírio lê...
 No inicio do projeto procurei um diferencial para a marca: transmitir alma ao produto, repensar o sistema de moda vigente, não queria só mais uma marca….e surgiu então a idéia de utilizar somente restos de tecido[1] que iriam para o lixo para criar roupas que falem um pouco sobre cada pedaço daquelas tramas, cada fragmento de história…refugos inutilizados que, colocados lado a lado, possibilitariam o renascimento de um novo produto, em uma nova forma, em um novo contexto.  
Busquei parcerias com empresas que forneceram as sobras de tecido e matéria-prima de origem controlada (etiquetas, tags, fios e aviamentos) e que tivessem entre os seus valores a responsabilidade social e a constante preocupação com o meio ambiente. As parcerias com as empresas Renauxview, Helvetia, Beco da Lua, H. Marin, La Estampa, Lunelli e Stampare me auxiliaram na criação de peças únicas e diferenciadas.
Inicialmente entrei em contato com diversas fábricas de tecido e confecções solicitando estas sobras. Com todos tecidos em mãos, optei pelas tramas, texturas, padronagens e cores que retratassem melhor o tema proposto “Caminho pro interior…” buscando trazer o regional e artesanal nos detalhes de cada peça. Alguns retalhos passaram por um tingimento com chá para reforçar o aspecto envelhecido e gasto, resultando em uma verdadeira “colcha de retalhos”, agregando valor às roupas.
 Selecionado os tecidos, desenhei produtos que representassem meu tema, valorizando o acabamento nos detalhes…como vivos, botões, forros, etc…peças com muitos recortes, palas, mangas…onde poderiam ser ‘encaixados’ os pequenos pedaços de tecido. O processo criativo da marca ocorreu às avessas: primeiramente foram selecionados os tecidos e posteriormente foram feitos os rascunhos dos produtos. Visualizei os tecidos adquiridos e procurei criar um mix interessante e harmonioso.

Durante a criação foquei em mulheres de todas as idades, com sensibilidade e senso de estética, que tem identidade e não se preocupam em seguir tendências, são adeptas do consumo consciente e buscam produtos com história e valor agregado.

Tenho consciência de que ainda são necessárias muitas ações para que a marca se torne um modelo de sustentabilidade, e que a proposta de utilizar sobras de tecido é muito mais ideológica, pois não acaba com os retalhos de tecido, de fato. No entanto, é um passo a mais na caminhada rumo a uma moda mais sustentável –  um modo diferente de pensar que prova que sim, é possível caminhar contra a correnteza...
=D


 [1] Uma pesquisa realizada pela ONG britânica Creative Economy revelou que todos os anos mais de 1 milhão de toneladas de roupas e têxteis são descartados em aterros e locais inadequados em todo o mundo, sendo em torno de 170 toneladas mensais só no Brasil.

segunda-feira, fevereiro 21



"O importante é você ser capaz de, a qualquer momento, 
sacrificar o que você é por aquilo que você pode se tornar." 
Charles Dubois

*Papercutting da Elsa Mora

Uma longa viagem _Parte III

No dia seguinte, logo cedo...saímos em direção aos Andes....escolhemos a estrada Caracoles de Villavicencio, também conhecida como La Ruta de un Año devido às suas 365 curvas.
O caminho é esburacado e relativamente perigoso...mas as paisagens compensam desde o início: primeiro o semi-árido, depois a pré-cordilheira. Na subida da pré-cordilheira, a estrada, de terra seca é sinuosa... eu não tinha coragem neeeem de abrir a janela para tirar foto...
 Mais uma hora e meia de estrada de terra com um visual inebriante (o ápice da viagem inteira foi se deparar com o Aconcagua na nossa frente, em um dos mirantes no caminho), chegamos ao povoado Uspallata.
 Mais à frente, no sentido Chile pela rota nº 7, estrada de asfalto que corre pela cordilheira há um povoado, ponto de parada para as excursões de escalada, onde fica a Puente del Inca, formação rochosa natural. A vista é inesquecível!! Mesmo no verão, faz frio, venta muuuuito.

E enfim chegamos até ele: Aconcágua, o ponto mais alto das Américas, e também de todo o hemisfério sul, sendo somente superado pelos gigantes do Himalaia na Ásia central. A palavra Aconcágua na língua quíchua significa "A sentinela branca", em aymará pode ser traduzido por "A sentinela de pedra". A vista é fascinante.... sem palavras para descrever a beleza e a grandeza da Natureza vendo essas paisagens que não cabem numa foto....

Nosso último dia em Mendoza e aproveitamos para fazer um picnic no Parque San Martín (uma delícia) e depois ainda fomos até o Cerro de La Glória, instalado dentro do Parque, no alto de um morro, e é uma de suas principais atrações. Todo em bronze, tem na volta do pedestal esculturas encravadas contando a história da campanha de libertação da Argentina, Chile e Peru, que teve Mendoza como palco de alguns de seus principais momentos.
 A volta para Buenos Aires pela Rota7 teve uma única parada na cidade de Juním, onde pousamos uma noite. Em Buenos Aires foram feitas as últimas comprinhas de regalos para a tia, a avó, o namorado, a amiga....etc...etc....
 Resumindo: viajar com a Família Foz foi uma delícia! Mais do que conhecer lugares novos, é muito bom estar perto de nossa família curtindo cada detalhe... =D

Uma longa viagem _Parte II

   Depois de alugar os carros, saímos de Buenos Aires em direção a Córdoba...a saída foi um pouco tumultuada, o que atrasou um pouco nossa viagem... Dia cansativo, muito calor....enfim, paramos em Rosário para almoçar (às 5 da tarde....)! 
Chegando em Córdoba, ficamos um pouco decepcionados, cidade escura...um pouco velha...e não encontrávamos o tal do Hotel que tínhamos feito reserva. A solução foi procurar por outro Hotel que tivesse vaga para 6 pessoas, a uma hora da manhã.
Depois de muuuuito procurar, conseguimos um Hotel... descobrimos o melhor chuveiro, a melhor cama, o melhor travesseiro... (acho que isso tudo foi por conta do cansaço...) rs...mas.... isso sim é verdade....tínhamos a MELHOR vista da janela do quarto: a Manzana Jesuítica, declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, onde localiza-se um conjunto de edifícios construídos pelos jesuítas durante o século XVII.
 A primeira impressão de Córdoba sumiu rapidamente... a cidade não tinha nada de escuro, nem velho...acho que foi o cansaço da viagem durante o dia inteiro que fez isso com agente.... rsrs


Após descansarmos da longa viagem, fomos visitar a cidade de Cosquím...onde acontece todos os anos o  maior festival de Folclore da América Latina. Pessoas declamando poesias nas praças e escolas, danças típicas no meio da rua, feirinha com artesanatos de várias províncias da Argentina! Beeeem legal... vale a pena conhecer....
 No dia seguinte conhecemos a cidade de Carlos Paz, próxima de Córdoba.... a cidade é rodeada por montanhas e cortada por um lago, ótima paisagem para se fazer um picnic, e foi o que fizemos....

Também conhecemos Alta Gracía, município da província de Córdoba que atrai muitos viajantes que procuram pela casa que Che Guevara morou na infância, hoje transformada em Museu, e pela bela Estância Jesuítica, considerada Patrimônio Cultural da Humanidade...


 
Saindo da província de Córdoba, em direção a Mendoza...fizemos uma parada para descanso na pequena cidade de Quines, onde tivemos uma ótima recepção no Hotel do simpático Júlio.... a cidade é pequena, sem muitas atrações.... mas lá existe um lindo balneário...com área para camping.
Depois do descanso merecido, atravessamos um deserto...calor, muuuito calor...até chegar em Mendoza (com a cordilheira dos Andes ao fundo!)
 Mendoza, que cidade linda! A região em que a cidade está situada é semi-desértica, a àgua só é encontrada nos oasis, onde os rios que descem dos cumes dos Andes derramam a água do degelo. Dentro da cidade foram construídos drenadores encarregados de regar as árvores nas calçadas das ruas...cidade super projetada!Reservamos um dia só para conhecer as vinícolas da cidade... degustamos os vinhos na Bodega da Família Zuccardi (industrializado) e na Bodega Familia Di Tommaso (artesanal). Nem precisa comentar que ficamos bem ‘alegres’ no final do dia, depois de tantos vinhos...


domingo, fevereiro 20

uma loooonga viagem....

 Bom, depois de um graaande período de planejamento...fomos enfim viajar!!
Foi um longo passeio onde saímos de Buenos Aires, com dois carros alugados para andar pela Argentina. Foram muitas as cidades visitadas: Rosário, Córdoba, Cosquín, Carlos Paz, Alta Gracía, Quines, Mendoza, Uspallata, Juním e novamente Buenos Aires...
O trajeto feito foi este aqui:
 
Começando por Buenos Aires não poderíamos deixar de conhecer a Calle Florida, famosa rua de pedestres localizada na área central da cidade, ótima para quem quer fazer muuuitas comprar gastando pouco.
Depois da caminhada, um descanso na Recoleta é uma boa pedida. Um bairro com ares parisienses,  ótimo para descansar depois do almoço...deitado no gramado verdinho da Plaza Francia. O passeio pelo bairro de La Boca também é obrigatório! La fica o famoso Caminito, rua-museu tão tradicional quanto imperdível, que fascina pela magia das cores e do tango. Para finalizar nossa rápida passagem de dois dias pela cidade, aproveitamos para jantar no Puerto Madero um ambiente mais do que agradável, com vista aos diques do Río de la Plata.





sábado, fevereiro 19

...

2010 passou voando e tem muitas coisas sobre ele que queria contar com mais calma aqui no blog...
queria falar sobre meu TCC de Design de Moda no Senac e sobre todo desenrolar da história, ixi...é taaanta coisa que não cabe em um post!
Então acho que vou contando pouco a pouco... sem pressa de acabar...





 Por enquanto estava pensando em falar sobre a viagem que fiz com minha família pra Argentina, viajar com a família sempre é bom... ainda mais depois de um loooooongo período sem férias, nem descanso...

Malemolência_o retorno II

Queria voltar a escrever em um blog! Pensei até em começar um novo, do zero...
Mas deu dó de deixar este espaço pra sempre...

Então... aqui estou eu novamente....